História do CLJ

Como iniciou

Na Igreja São Pedro, tínhamos um grupo de 60 crismandos. Era uma esperança para a Igreja. Preparamos bem os encontros de crisma. Os jovens estudavam as matérias, sabiam os textos, mas não havia forma de levá-los de volta à vivência cristã. Conheciam os conteúdos da fé, mas não eram capazes de transformá-los em vivência. Em maio daquele ano de 1973, junto com a Ir. Jocélia e com algumas jovens do Emaús, começamos a preparar um "retiro de crismandos". Colocamos algumas técnicas do Emaús, com músicas próprias, com monitores de grupo e a participação de um casal. Nos dias 14 e 15 de julho daquele ano de 1973, com 19 jovens, 8 monitores, a Ir. Jocélia e um casal nos dirigimos a Medianeira para o "Retiro de Crismandos". Tínhamos alguns esquemas em uma pasta improvisada, um coordenador jovem, com vários bilhetes, mas sem um roteiro fixo e nem mesmo um horário claramente estabelecido. Tínhamos um objetivo claro: apresentar um Cristo capaz de fascinar os jovens e atraí-los para o seu caminho. Tudo correu normalmente. Mas os jovens queriam fazer novos retiros com esta mesma metodologia. Fizemos um trabalho em comunidades, com a pergunta: Como você chamaria esse Retiro? Entre muitas sugestões apareceu uma: CLJ - Curso de Liderança Juvenil. Posto no quadro, junto com outras sugestões, foi feita a votação. Não deu outra. Os jovens queriam logo fazer um segundo "retiro" destes, para os colegas da crisma que não tinham apostado no primeiro. Mas, foi então colocado, com muita clareza, que o segundo CLJ só seria feito em novembro, se até lá todo o grupo perseverasse. Foi uma beleza, todos os sábados estavam lá os 19, mais monitores, vindos do Emaús, o casal Raabe e Leda, mais a Ir. Jocélia. Com muito empenho, foi preparado o segundo CLJ, para os dias 13,14 e 15 de novembro de 1973. Já começaria na sexta-feira de noite. Já teríamos um livrinho de cantos, mais um casal, João e Célide Salvador, e iria um grupo maior. Após várias e demoradas reuniões, veio a data esperada. Quando encostou o ônibus, lá nos fundos da Igreja São Pedro, parecia início de uma revolução. Gente de todos os lados. Lá estavam os 55 jovens inscritos, com seus pais, familiares e um número incalculável de curiosos. Todos queriam ver o que estava acontecendo. Foi um curso fora-de-série. No domingo à noite, "chegada" na São Pedro. Foi feito no salão paroquial. Estava lotado. Todos os familiares daqueles 55 jovens, os colegas do primeiro e muitos curiosos... E a continuidade foi melhor ainda. Muitos jovens já estavam de férias e começavam a vir a missas todos os dias. No domingo seguinte, nosso grupo estava assumindo a missa das 11 horas. Tornou-se em pouco tempo a missa mais cheia. Os alunos do colégio São Pedro e Santa Clara começaram a se interessar.Vieram aquelas férias e o grupo continuou perseverando. Com reuniões em Tramandaí, Capão e Atlântida. Não se perdeu ninguém. Todos voltaram em março, com mais entusiasmo ainda. Todos esperando o terceiro CLJ, logo marcado para abril. A fama se espalhou pela cidade.

Movimento Arquidiocesano

O Pe. Severino Brum, da Cidade Baixa, que há anos estava tentando uma pastoral para os jovens, com iniciativas espetaculares (basta lembrar a famosa missa iê,iê,iê...muito destacada pela imprensa), ficou sabendo e queria participar do terceiro CLJ. Queria apenas observar e levar uns 20 jovens e um casal de tios, fizemos várias reuniões, seria preciso falar com os Bispos. Pe. Severino falou com o Dom Antônio e eu fui falar com o Cardeal, Dom Vicente Scherer. O nosso querido Cardeal ficou um pouco assustado. Já tinha ouvido falar nos "abraços e beijos", coisa nova na Igreja de Porto Alegre. Mas, no final ele me disse: "Pe. Zeno, continue com a minha bênção. Se este movimento vem de Deus, vai progredir e dele surgirão vocações para o sacerdócio e a vida religiosa; se não vem de Deus, em pouco tempo vamos acabar com isso antes que seja tarde". Após uma reunião com Dom Antônio, participando ainda o Pe. Severino, o casal José Carlos e Eunice Monteiro, Ir.Jocélia e três ou quatro jovens, o CLJ foi reconhecido como "Movimento Arquidiocesano", aberto para as paróquias que o quisessem implantar. O CLJ seria agora um movimento Diocesano. Era hora de organizar tudo, organizar o esquema geral do curso. Assim, o CLJ foi se firmando como "momento", enquanto curso de apenas três dias, e como "movimento", enquanto grupo fixo e estável que vai trabalhando como pastoral de jovens, onde sempre estava muito presente a grande frase de Paulo VI: "É preciso que o jovem seja apóstolo de jovens". Em pouco tempo, o CLJ foi se espalhando pelas Paróquias de Porto Alegre, depois foi para as dioceses do interior e hoje está espalhado por grande parte do Rio Grande do Sul e já recebendo pedidos para implantar em outros Estados.

CLJ Hoje

Atualmente o CLJ está implantado em sete dioceses: Porto Alegre, Novo Hamburgo, Osório, Passo Fundo, Frederico Westphalen, Vacaria e Bagé. São mais de 200 Paróquias onde funcionam grupos animados de jovens, com a participação de casais adultos e com uma vivência cristã, voltada para a evangelização da juventude. Já foram realizadas mais do que 500 cursos e, seguramente, mais de 20 mil jovens já foram atingidos. Em nossas dioceses, já temos vários sacerdotes provenientes das fileiras do CLJ e nos seminários temos ainda grandes esperanças de vocações, nascidas em nosso meio. Em cada diocese, o CLJ tem as suas características peculiares, de acordo com a realidade local. Mas, no essencial, o CLJ é o mesmo em todos os recantos deste Rio Grande, até mesmo nas suas dificuldades de adaptação à pastoral da juventude e às canções litúrgicas que as comunidades cantam. No entanto, o que foi assumido há vinte anos, como o Hino do CLJ, se concretiza em toda parte: "Unidos estamos aqui, unidos queremos ficar... É bela a vida que se dá...é preciso que o mundo seja um pouco melhor, porque nele eu vivi e por ele tu passaste meu irmão". O certo é que o CLJ até hoje só nos deu alegrias e está implantado como uma grande esperança para a Igreja. É claro que há Padres e Bispos mais empolgados e outros menos empolgados com o CLJ, mas uma coisa é certa: "Nas paróquias onde está o CLJ, lá atuam jovens e mais jovens".